21 de maio de 2007

Na crise, definitivamente: o Lula é maior que o PT!

(16 de fevereiro de 2006 - publicado na Lista Democracia)
Caros amigos,

1-Eu tenho dois grandes amigos tucanos. Em outubro do ano passado, eles já cantavam vitória. Um deles até disse: “Lauande, vamos apertar o cerco até o Lula morrer de inanição”. Aprendi em muitos anos nas estatísticas sociológicas que o povo, principalmente da estratificação das classes C, D, e E, não gosta de cizânias e denuncismos na política. Tão sofrido que é, o povo opta e gosta de resultados práticos, ou seja, aquilo que os governos possam proporcionar de melhoria de qualidade de vida. Tanto que foram esses setores da população que sustentaram o Lula em patamares razoáveis nas pesquisas eleitorais de junho até dezembro de 2005.

2-Dou outro lado, no mesmo período, eu observava um PT atônico e sem saber o que fazer. Vi muitos dirigentes e militantes já jogando a tolha e diziam: “Perdemos!”. Vi muitos!, muitos!, dirigentes e militantes sentenciando isso. Ou outros setores petistas fazendo discurso de Madalena arrependida (abarrotado de hipocrisia) e entraram categoricamente na direita ao rumar para o PSOL.

3-Sempre eu soube que os petistas quando são governos, por conta de sua sistemática cultura oposicionista, não sabem, em muitas ocasiões, sair do estado de crise. Conviver com uma crise é uma experiência muito valiosa, principalmente quando se obtém resultados positivos. Por outro lado, o fracasso na administração do problema pode provocar desânimo e desorientação pessoal e coletiva, com muitas perdas e prejuízos incalculáveis para a auto-estima. Quem puder observar a história do velho Partidão vai entender muito bem essa ocorrência política.

4-Só que eu lembro que a crise faz parte da condição humana. Que não têm crise são os deuses (para quem acredita). E como grande parte da militância petista se achava semideus... pois é...aí a crise ficou mais aguçada e a auto-estima: foi-se.

5-Só que tinha um sujeito que fez e continua fazendo a diferença nessa história da crise. Ele mesmo: LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA.

6-Lula hoje é um homem experiente. Sabe e soube fazer a contento uma autocrítica (não toda, mas fez em parte) e chegou a pedir desculpas de forma pública pelos erros petistas. Conheço uma aposentada que nunca votou no Lula, mas quando o presidente, no auge das denuncias pediu desculpas, essa mulher me disse: “Gostei, senti que ele é como nós: erra!”.

7-Isso me fez pensar que quando alguém se depara diante de uma crise, essa pessoa tem a oportunidade de experimentar pelo menos três formas de comportamento: o uso da razão em busca de soluções exeqüíveis; a indiferença com o que está acontecendo; o desespero em função do momento que está vivendo. Desaconselho as duas últimas alternativas, por entender que essas atitudes não resolvem o problema, e defendo o uso racional de idéias e ações que possam reverter o indesejado quadro. Também observo que a humildade deve ocupar o lugar de eventuais atitudes arrogantes. Na crise, as pessoas devem ser mais serenas e menos auto-suficientes. Precisam aceitar a contribuição de quem deseja e pode realmente ajudar.

8-Com isso reafirmo que o Lula, mesmo com seu passado de oposição sistêmica, tem buscado o uso da razão em busca de soluções exeqüíveis. Isso confirma que o Lula é maior que o PT. Sei que isso não é bom e adequado para democracia. Seria melhor se o PT fosse maior e melhor que o Lula. Só que ainda as idiossincrasias petistas são de abstrusas resoluções e o Lula tem que governar.

9-Qual o efeito disso?

10-É que o Lula faz um governo bom e supera as expectativas. Por conseguinte, os números de três diferentes pesquisas revelam que o eleitorado continua inclinado a patrocinar - até com relativa facilidade - a reeleição do atual presidente da República.

11-Mais detalhadamente posso dizer que os números da pesquisa feita para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) pela Sensus mostram grande recuperação da popularidade de Lula, com possibilidade de ganhar a eleição já no primeiro turno, já que leva dez pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o prefeito José Serra, de São Paulo e do PSDB.

12-Eu lembro que é a terceira pesquisa divulgada nas duas últimas semanas, por institutos diferentes, que dá conta da recuperação de Lula, depois da pior fase das denúncias de corrupção no governo e no PT.
13-Lembro igualmente que aumentou a aprovação pessoal do presidente e do governo, o que evidencia que há uma recuperação estrutural em todo o território nacional, em todas as camadas da população e também nas diferentes faixas de escolaridade.

14-É bom recordar que em novembro, as pesquisas projetavam a derrota de Lula no segundo turno para o candidato tucano José Serra. O resultado da pesquisa foi saudado com palmas, gritos e até lágrimas na festa dos 26 anos do PT, em Brasília, onde o presidente voltou a reconhecer que "errar é humano" e que seu partido se equivocou.

15-Na oposição, a terceira pesquisa foi recebida com muita resistência. Alguns porta-vozes chegaram a admitir que ela poderia ser resultado de fraude. "É coisa da CNT, que patrocina a pesquisa e quer agradar ao governo", disse o deputado Jutahy Magalhães, do PSDB da Bahia. É engraçada essa atitude do tucanato, pois quando a pesquisa era benéfica para eles, não havia esse ajuizamento. Hoje há.

16-A verdade ascendente, contudo, é que vem ocorrendo, sim, uma recuperação do prestígio do presidente. Os números de três diferentes pesquisas revelam que o eleitorado continua inclinado a patrocinar – até, eu repito, com relativa facilidade a reeleição de Lula.

17-Com os novos pacotes do governo na seara das políticas públicas para a população de baixa renda, como o real aumento do salário mínimo e novas condições para o financiamento da casa própria, além da abertura de linhas para o crédito popular, o prestígio do presidente deve aumentar ainda mais no grande eleitorado de baixa instrução. Soma-se a tudo isso com a diminuição da pobreza e uma renda nacional que é mais bem distribuída.

18 - Eu vejo, em outro ângulo, que a recuperação de Lula complica ainda mais a definição da candidatura do PSDB, hoje dividida entre os nomes de José Serra e de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo.

19-De um lado, Serra continua sendo o nome de maior viabilidade para o PSDB, mas com menores chances de vitória efetiva no segundo turno, o que embaralha sua renúncia a três anos e meio que tem como prefeito de São Paulo. De outro, a candidatura de Geraldo Alckmin torna-se menos viável com a recuperação eleitoral de Lula.

20-Só que isso também não quer dizer muita coisa. Diz algo, mas não é tudo.

21-Porque da mesma maneira que o Lula reverteu a situação adversa, a oposição pode também criar situações demudadas. Aliás, como bem dizia o mineiro Magalhães Pinto: “Eleição é que nem nuvem, muda de figura a cada momento”.

22-De qualquer forma, a oito meses da eleição, a sucessão presidencial volta a se tornar um jogo de difícil previsão e de desdobramentos, como, aliás, é essa súbita recuperação de Lula em todo o território nacional.

23-E isso sinaliza que o Lula fez uma apropriada recuperação e continua maior que o PT. Porque o Lula soube dizer ao PT que em momentos de crise, devemos fazer autocrítica e procurar corrigir eventuais erros cometidos no decorrer do percurso que possam ter contribuído para agravar a situação. Lula também disse que nunca é demais ouvir e aceitar bons conselhos dos aliados e do povo.

24-E a oposição vai ter que pensar melhor e dar início a uma proposta política razoável para o país porque só de verborréia deletéria, dificilmente ganha.

25-Assim sendo, um aviso aos petistas (e até para os tucanos), na crise, definitivamente: o Lula é maior que o PT!

Aquele abraço,
Lauande.

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